
A mocinha recebera de presente papéis coloridos, de seda, cola, tesoura, linha, varetas de bambu e a ordem do Universo para com o material construir três pipas de tamanhos variados e o mais bonitas possível.
Cumpriu a ordem com carinho e após alguns anos dirigiu-se à beira-mar para tentar empiná-las.
A primeira, o vento ajudando, voou de pronto, com enorme rabiola colorida e a mocinha, agora já mulher a admirava e segurando a linha lutava contra a força do vento e da pipa que já ia longe.
Repentinamente, numa lufada mais forte lá se foi a voar sozinha e à mulher só restou enrolar a linha e desejar que ela fosse longe e o fizesse bonito.
Em suas mãos duas pipas restaram.
A segunda também lutava em se soltar e a mulher a prendia forte e, ao mesmo tempo, admirava seus volteios mais caprichosos, brincando de pega-pega com outras pipas mas sempre firme nas mãos de sua criadora.
Não mais que num sopro uma pipa estranha, com linha encerada no vidro partiu o cordão que prendia sua linda pipa cor de rosa e lá se foi ela a voejar atrelada à outra que a roubara .
Nas mãos da mulher ficou a terceira pipa, aquela construída com o finalzinho do papel colorido e que por isso não possuía a rabiola muito longa.
Além disso a mulher já conhecia todos os segredos de ventos, linhas enceradas e cortantes e segurou firme nas mãos sua pequena pipa azul de rabiola pequenina.
Até hoje se encontra a mulher pelas praças, praias, campos, por toda a cidade, a soltar a sua pipa fortemente presa em suas mãos.
Não se separarão jamais!
Sonia Regina/1999