O texto é um pouco longo...Tenham paciência!É dirigido aos pais e familiares de pessoas PNE,mas no global é útil para pensarmos no que exigimos das pessoas sem nos determos em estimular os dons específicos de cada um.Rótulos não mostram o caminho,é preciso acreditar na jornada...
***************************************************************************
Dani é uma criança que não sabe andar de bicicleta. Todas as outras crianças do seu bairro já andam de bicicleta; os da sua escola já andam de bicicleta; os da sua idade já andam de bicicleta. Foi chamado um psicólogo para que estude seu caso.
Fez uma investigação, realizou alguns testes (coordenação motora,força, equilíbrio e muitos outros; falou com seus pais, com seus professores, com seus vizinhos e com seus colegas de classe) e chegou a uma conclusão: esta criança tem um problema, tem dificuldades para andar de bicicleta. Dani é disbiciclético.
Agora podemos ficar tranqüilos, pois já temos um diagnóstico.Agora temos a explicação: o garoto não anda de bicicleta porque é disbiciclético e é disbiciclético porque não anda de bicicleta. Um círculo vicioso tranqüilizador.
Pesquisando no dicionário, diríamos que estamos diante de uma tautologia, uma definição circular. "Por qué la adormidera duerme? La adormidera duerme porque tiene poder dormitivo". Pouco importa,porque o diagnóstico, a classificação, exime de responsabilidade aqueles que rodeiam Dani. Todo o peso passa para as costas da criança. Pouco podemos fazer. O garoto é disbiciclético! O problema é dele. A culpa é dele. Nasceu assim. O que podemosfazer?
Pouco importa se na casa de Dani seus pais não tivessem tempo para compartilhar com ele, ensinando-o a andar de bicicleta. Porque para aprender a andar de bicicleta é necessário tempo e auxílio de outras pessoas.
Pouco importa que não tenham colocado rodinhas auxiliares ao começar a andar de bicicleta. Porque é preciso ajuda e adaptações quando se está começando. Pouco importa que não haja, nas redondezas de sua casa, clubes esportivos com ciclistas com quem ele pudesse se relacionar, ou amigos ciclistas no bairro que o motivassem. Porque, para aprender a andar de bicicleta não pode faltar motivação e vontade de aprender. E pessoas que incentivem!
Pouco importa, enfim, que o garoto não tivesse bicicleta porque seus pais não puderam comprá-la. Porque para aprender a andar de bicicleta é preciso uma bicicleta. (Felizmente, os pais de Dani,prevendo a possibilidade de seu filho ser disbiciclético, preferiram não comprar uma bicicleta até consultar um psicólogo.)
Transportando este exemplo para o campo da síndrome de Down, o processo é semelhante. Desde quando a criança é muito pequena,apenas um recém-nascido, é feito um diagnóstico – trissomia do cromossomo 21 – por um médico especialista, e verificado, com uma prova científica, o cariótipo. A partir disso, entramos em um círculo vicioso no qual os problemas justificam o diagnóstico, o qual, por sua vez, é justificado pelos problemas.
Por que a criança não cumprimenta, não diz bom-dia quando chega, nem adeus quando vai embora? "É que ela tem síndrome de Down". Ah, bom! Achei que era mal-educada.
Por que a criança não se veste sozinha, e sua mãe a veste e despe todos os dias, se já tem oito anos? "É que ela tem síndrome de Down". Ah, bom! Pensei que não lhe tinham ensinado.
Por que continua a tomar mamadeiras se já tem seis anos? "É que ela tem síndrome de Down". Ah, bom! Imaginei que era comodismo de seus pais.
Por que a criança não sabe ler? "É que ela tem síndrome de Down". Ah, bom! Pensei que não lhe haviam ensinado.
Por que não anda de ônibus ? "É que ela tem síndrome de Down". Ah, bom! Pensei que não lhe permitiam fazer isso.
E, assim, uma lista interminável de supostas dificuldades que, por estarem justificadas pela síndrome de Down, não necessitam de nenhuma intervenção, além da resignação. Todas as suas dificuldades se devem à síndrome de Down.
Podemos estender a qualquer outra deficiência em que o diagnóstico médico ou psicológico possa ser utilizado como desculpa para nos eximirmos de responsabilidades. Se classificamos a criança como disfásica, disléxica, discalcúlica, disgráfica, deficiente visual ou auditiva, mental ou motora, disártrica ou simplesmente disbiciclética, estamos fazendo algo mais do que "colocar um nome" no que pode acontecer com uma criança. Estamos criando expectativas naqueles que a cercam.
Por isso, eu sugiro que antes de comprar uma bicicleta para seu filho ou sua filha, comprove que não sejam disbicicléticos. Vá que aconteça imediatamente após a compra dar-se conta de que se jogou dinheiro fora?
Emilio Ruiz Rodriguez Psicólogo na Fundação Down Cantabria, na Espanha.
(Encaminhado do RJDOWN por Rosely Sayão
21 comentários:
Verdade, muitas vezes as pessoas acham melhor nos rotular.
Lindaa, tenham um ótimo Final de Semana.
Bjokas =*
Kariny
SONIA...
MUITO AMOR EM NOSSOS CORAÇÕES, É PRECISO MUITO AMOR...
BOM FDS AMIGAAAAAAAAAAA...
BEIJOS
Oi Sonia muito interessante este texto, retratou a verdade da vida...
Pronto esta tudo resolvido, pois já temos um diagnóstico.
Não precisamos mais nos preocupar em ensinar, procurar algo que estimule a criança interagir... A culpa é dela.
Nossa que loucura, muito cômoda a situação.
BEIJOS amiga.
Angela
Kariny!
Me diga se não é mais fácil para todos os outros inclusive os chamados"especialistas" comportarem-se desta forma?
Nós todos,responsáveis e "bicicléticos" é que temos que exigir o lugar que compete a cada um!
Bom sábado e pouco chopinho,rsrsr!!!
Beijos com carinho!Sonia Regina.
Carla Fabiane!
Se todos agirem com amor não existirão "disbicicléticos",existirão seres humanos diferenciados!
Beijos!Sonia Regina.
Angela!
Você pegou a exata idéia:todos lavam as mãos e culpam o indivíduo!
Assim é mais fácil!Rotula-se e a sorte está lançada!
Ainda bem que as pessoas do grupo em que convivo com a Gabi não pensam desta forma e ,tanto responsáveis como técnicos,oferecem aos nossos jovens a oportunidade de mostrar todas as suas potencialidades!
Um beijo,amiga querida e um final de semana muito feliz!Sonia Regina.
Sônia vc é uma mulher e mãe especial.
Fim de semana iluminado pra vc e aos seus.
Obrigada por estar sempre presente na minha casa.
beijooo.
Ana!
Obrigada pelos votos e pelas doces palavras!
Ir à sua casa é sempre um aprendizado e um prazer!
Beijooo!!!Sonia Regina.
Oi, Soninha!
Como é fácil colocar rótulos em todo o mundo, especialmente por aqueles que deveriam ajudar a que não existissem "Disbicicléticos"!
Mas o que fazem os "especialistas" deste País, deste mundo? Qual a ajuda que "oferecem"?
Tenha um óptimo fim semana.
Beijo,
Renato
Sonia Regina
è isso se brincarmos com as palavras e sentirmos algo no nosso coração as palavras surgem e a magia acontece
um beijo
Passarinho lindo
Acordei com o teu cantar…
Passarinho lindo
Com penas de mil cores
E guardadas na gaiola
Gaiola grande mas…
Que te aprisiona
E não te deixa voar!...
E…eu
Que amo a vida…
Que quero ser livre
E que quero voar…
Também sou assim…
E para me deliciar
Com as tuas cores…
Com o teu cantar…
E para te poder olhar…
Tenho-te fechado
Nessa gaiola…
E sinto… a amargura…
De ser como sou…
E só saber…
Aprisionar…
Para poder Amar!...
Lili Laranjo
Sônia,
todos temos limites.
A única coisa que na vida não deveria existir limites é para o AMOR.
O amor transforma. Fortalece.Engrandece.
Acreditar no " outro" , seja quais forem os limites do " outro" é primordial para uma convivência pacífica.
Não aceito os rótulos. Não aceito o " não posso", " não dá" , é impossível.
Helen Killer é um exemplo.
Beethoven outro.
Quantos outros exemplos temos de seres humanos que superaram limites.
Não encontraram alguém que dissesse para eles " VOCÊ NÃO PODE "
Ola Sonia!!!
Vim lhe dizer que tenho um prêmio para você no meu blog...
Indiquei seu blog para o premio “Blog Dorado”.
Um ótimo domingo dá um pulinho lá.
Beijos
Ângela
Renato!!
São "especialistas" e não resolvem situações.A competência deles é oferecer diagnósticos,aos que lidam com as pessoas PNE é que compete encontrar as soluções,e Graças a Deus,a maioria as consegue!
Beijo!Sonia Regina.
Lili!
Bela poesia!
Grata pela visita!
Um beijo!Sonia Regina.
Amiga do Cafa!
Acertou em cheio!O Amor resolve tuuudo.Cada ser humano possúi talentos e dons,alguns mais a mostra,outros mais escondidos.Com Amor os encontramos e fazemos com que essas capacidades venham à tona.
Muito bom o seu comentário!
Beijos!Sonia Regina.
Sonia Regina:
Nunca ouvi falar deste termo, que me parece bem adequado...
Todos temos a s nossas limitações... cada um é dis-alguma coisa...
Falta saber como lidar com cada dis-sei lá o que... nossas e dos outros!!!
Lindo post!!!
bjs
Carmem!
Com certeza esses termo não existe,rsrsrs!!!
O autor brincando tocou em assuntos muito sérios...bem mais fácil rotular e dar o caso como encerrado.
Como disse todos nós somos "dis" alguma coisa,mas para esses "especialistas",sendo "dis", não tem mais solução!!!
Acontece que tem sim,basta acreditar e explorar o veio de ouro corretamente.
Beijos!!!Sonia Regina.
Um grito bastante refletivo, nós seres humanos, temos o defeito de nos limitar, o que dira as pessoas com qualquer diferença dos que se julgam normal...
Beijos em seu coração....
Meu Poeta!
Todos temos nossas limitações s nossos talentos.Em pessoas com necessidades especiais só é exigido que se tenha um pouco mais de atenção para descobrí-los e ativá-los.Eles existem,com certeza!!!!
Beijos!Sonia Regina.
O comodismo de quem está de fora!
Quem vive as situações e quem as tem de ultrapassar é que se v~e diante de muitos problemas e ter de arranjar soluções para viver querida, mas há-se sempre ser assim, apesar de haver muitas associações , ajuda , conselhos, no dia -a - dia é que as coisas contam , e aí ninguém está perto !!
beijinhos e bom fim de semna
Xana!
Com certeza,conselho e opiniões todos os "técnicos" nos oferecem,mas resolver situações só mesmo os que lidam diariamente.
Obrigada pela visita e um final de semana feliz!Beijos!Sonia Regina.
Postar um comentário